Partimos do princípio que ambos os conjuntos de nomes são coerentes. Os das coisas sem nome, pela repetição a que obriga a luta pela vida. Será impensável para a sobrevivência da borboleta, e para o seu objetivo de regressar ao casulo, que cada vez que pouse numa planta lhe atribua um nome diferente. Que viva num constante êxtase de novos nomes. Isso deixará para o fim, para a fase lagarta. Agora cada poisar é o solidificar de um nome e o resto vem por arrasto. Um nome puxa outro nome, palavra puxa palavra, e é nessa ordem, e na repetição dessa ordem, que é feita a coerência dos nomes das coisas sem nome.
Já os nomes do casulo têm a coerência da biblioteca. Nomes construídos por escritores que se leram, amaram e odiaram, que concordaram e profundamente discordaram. E tanta dialética só pode gerar um todo coerente.
Sendo ambos coerentes é agora necessário saber se há alguma diferença na essência da coerência. Para isso imaginemos um casulo de coisas sem nome e um mundo biblioteca. Neste cenário, as lagartas definham com exuberância construindo coisas sem nome e as borboletas vivem entre nomes e construções de nomes.
Não, não diferem na essência.
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