As primeiras explorações fê-las ao fundo das escadas. Aí, o portão que felizmente se encontrava quase sempre aberto, dava para uma rua que à direita logo se precipitava numa esquina e à esquerda tinha uma longa subida por onde achava que deveria ocorrer o regresso. Antes de partir certificou-se de que a seguir à esquina à direita se avistava outra, também à direita, indiciando o retângulo perfeito que havia imaginado.
Quando finalmente resolveu iniciar o empreendimento, foi com um misto de alegria e medo. Encontraria as imaginadas esquinas que lhe permitiram regressar? A primeira conhecia bem e rápido a cruzou. Esse foi o impulso inicial que o impediu de voltar atrás. A isso também ajudou a descida que se seguiu. Foi então que dobrou a segunda esquina. À sua frente apresentava-se-lhe uma enorme subida que não tinha imaginado. Tenebrosa esta ladeira que o impedia de confrontar o plano com a realidade. Era ladeadas por casas com janelas que o olhavam como a um estranho. Respirou fundo e subiu-a impelido pela resignação dos que fogem de casa.
Quando chegou ao cimo viu o seu esforço recompensado. A uma curta distância já avistava uma outra esquina que possibilitaria uma nova curva à direita, e a quase certeza do retângulo. A alegria tomou posse do que antes o medo dominava. Agora já não tinha pressa em voltar. Sentia o ar e o vento encherem-lhe os pulmões enquanto os olhos bem abertos observavam com curiosidade as casas e as janelas cheias de luz.
Foi então que a uma janela de um primeiro andar surgiu um ser, gordo e disforme, que, apanhando-o desprevenido, lá de cima lhe atira: Ó Tózinho, que andas aqui a fazer sozinho? Era então aqui que ela vivia, a gorda de sacristia com a mania de trocar bolachas secas por beijos molhados nos quais sempre se sentia manducado.
Toda a viagem se destroçou. O galático retângulo perfeito, que alguns metros mais à frente se confirmou, perdeu todo o seu valor e regressava agora, sem qualquer medo ou alegria, revoltado com a pequenez do mundo.
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