sábado, 24 de setembro de 2011

A vingança do chinês

O déficit da Alemanha parece ser superior ao que se pensava.

No século XIX o Império Britânico impôs à China o consumo de ópio, numa política que deu dinheiro às companhias Britânicas e amoleceu um gigante.

Agora a China mantém a sua moeda artificialmente baixa, para continuar a inundar o mundo ocidental de produtos muito baratos, aos quais não conseguimos resistir.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A boiar

Obama não quer reconhecer o estado da Palestina, embora fosse o mais sensato. Passos Coelho não diz o que deveria dizer sobre Alberto João, embora devesse.

Ambas as atitudes caracterizam a política a feijões. Obama e Passos Coelho pensam sempre no que podem perder. É a estratégia do boianço, que funciona, e de acordo com os estrategas faz ganhar eleições.

O problema é que como vivem a boiar vão perdendo a capacidade de voar. E duas coisas acontecem a quem se afunda no boianço: (1) convence-se que o mundo é assim e prontos; e (2) aniquilam cegamente qualquer coisa que possa contrariar a tese anterior, em particular re-utilizando todas as técnicas que os colocaram a boiar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Onde páram as dívidas

As dívidas dos países ocidentais atravessam todo o espectro, de Sócrates a Bush, passando por Berlusconi. A solução que o "mercado" indica é mesma para todos os países: reduzir o "estado social". Curiosamente, mesmo em países onde ele já é diminuto, como sejam os EUA.

Talvez a realidade seja que as dívidas são o resultado da globalização. O que é duro, para nós ocidentais, é que a globalização tirou da pobreza muitos milhões de pessoas em países como a China, a Índia e o Brasil, mas com o custo duma inevitável redução do nível de vida nos países ocidentais.

A questão em aberto é saber como os países ocidentais vão gerir esta redução do nível de vida.

Será pelo diapasão económico? Em que estrutura social dos países ocidentais irá reproduzir a estrutura da globalização, com empregos muito bem pagos associados à concepção da produção offshore e desemprego ou emprego mal pago para os restantes.

Ou haverá tentativas políticas para encontrar soluções de equilíbrio?

Os governos dos países ocidentais têm cada vez menos mecanismos para tentar eficazmente a solução política.

domingo, 11 de setembro de 2011

Bónus

No seu novo livro, The Upside of Irrationality, Dan Ariely dedica um artigo a tentar perceber qual o efeito dos bónus na produtividade. Este estudo é motivado pela crise financeira e de 2008 e os grandes bónus que os administradores das empresas se auto-atribuíam, e conclui que se o trabalho requerer algum tipo de esforço cognitivo o efeito dos excessivos bónus pode até ser contraproducente.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Commitment and Consistency

Uma férias melhoram quando levamos um livro que nos faz ir a menos um sítio para poder ler um pouco mais.

Nestas férias o livro que retirei de uma pilha de livros por ler chama-se Influence - The psychology of persuasion de Robert Cialdini. Descreve de uma forma muito estruturada as técnicas de marketing, e não só, que manipulam as nossas respostas automáticas.

O capítulo sobre commitment and consistency é particularmente assustador, pois explora a construção da imagem que temos de nós proprios para nos levar a fazer algo que à partida rejeitaríamos. Num dos exemplos, descreve a forma como os chineses, durante a guerra do Vietname, convertiam prisioneiros americanos para as ideias do comunismo. Promoviam concursos entre os prisioneiros para escreverem textos que comparassem o comunismo com o capitalismo. Os textos vencedores eram aqueles que procuravam compromissos, do género, o comunismo não funcionaria nos EUA mas o capitalismo também não funcionaria na China. Depois, estes textos eram várias vezes lidos aos colegas de forma a fortalecer no seu autor uma identificação com o que escreveu. Os chineses tinham o cuidado de nunca oferecer prémios significativos a quem ganhava, para evitar-lhe a sensação de ter sido pressionado.

O resultado é que através de um processo gradual os soldados começavam a identificar-se cada vez mais com essa imagem construída, que persistia mesmo depois da libertação.

Commitment and consistency consegue que gente boa faça coisas menos boas através de um reforço da sua auto-imagem. É apenas necessário "convencê-los" a cometer o primeiro acto, pode ser um simples favor a que só mais tarde é dado o significado que se pretende, depois a coisa anda sozinha.

Assustador.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

The most adventurous entrepreneurs on Earth

Quando a S&P retirou o rating AAA aos Estados Unidos, Obama procurou tranquilizar dizendo que "...we continue to have the best universities, some of the most productive workers, the most innovative companies, the most adventurous entrepreneurs on Earth."

E muito provavelmente é verdade. Mas também é verdade que têm a maior dívida.

Parece que é possível ter ambas as coisas. Parece que ter os maiores empreendedores não compensa não ter a produção industrial localizada no país. Ter os maiores empreendedores alimenta a classe mais alta do país, com o efeito colateral do seu aumento de poder ter levado a que consiga pagar cada vez menos impostos. Não ter a produção industrial localizada enfraquece a classe média, que cada vez tem menor capacidade de intervenção política.

A dívida e os empreendedores podem coexistir numa sociedade em que as diferenças se agudizam.

domingo, 4 de setembro de 2011

Jogo de cartas

Na Europa joga-se um jogo de cartas que a Alemanha vai ganhar. Cabe-lhe apenas decidir se ganha com a razão ou com o coração. Secretamente deseja, talvez, que os restantes jogadores a obriguem a ter de ganhar com coração.