A água transparente cai sobre o tabuleiro, separa-se para visitar os cantos e encontra-se de novo ao centro. Numa onda corre pela calha em direção ao buraco de pedra que leva ao tanque. É engolida e perde-se no escuro.
O homem vai encaminhando a água castanha que lentamente ensopa a terra. A sachola matraqueia entre lama e pedras. O homem ajeita a aba do chapéu e sente o fresco no círculo de suor em volta da cabeça.
Uma pedra da parede do poço, que vê numa nesga da saca que lhe cobre os olhos, traz-lhe algo à memória. Estaca a olhar e o bater cala-se.
A voz grita, ah burro do diabo. Volta a sentir a canga no pescoço, atira o corpo para a frente, exala pelas largas narinas e o travão da nora recomeça a bater.
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