À nossa frente, as torres de granito saindo de uma luva de neve sem dedos. Finalmente chegámos. Nem queríamos acreditar. Quatorze dias. As torres eram massivas rochas que se estreitavam lado a lado.
Estendemos-nos no chão, cada um para o seu lado. Entre nós um mar de pedras roliças. Virando a cabeça víamos os corpos entrecortados pelas pedras. Eram corpos deformados por inesperadas barrigas.
James via as pedras das torres a entrar pelas nuvens que se desfaziam quando as tocavam. Esticou-se um pouco mais. Os pés calçaram uns sapatos de pedra. As mãos enviaram-se dentro de umas luvas castanhas. A cabeça estava fixa nas torres. Não pestanejava, mas de dentro da sua boca saía um corpo azul, irregular, que ía variando de tonalidade e forma com a luz do sol e a sombra das nuvens. O tamanho do corpo aumentava conforme respirava.
De Eveline não se via a cabeça. No seu lugar um pedregulho, um pouco maior que os restantes. Entre este e as pernas, ausentes pela presença de uma outra pedra, uma barriga onde se notava a respiração. A respiração era irregular e começou a propagar-se ao solo. Primeiro foram as pedras que escondiam Eveline que começaram a tremer, mas depois o tremor começou a propagar-se em círculos concêntricos.
A corpo azul reluzente de James e a respiração de Eveline tomaram conta de todo o local. As pedras começam a rebolar e a saltar. Misturam-se com o corpo azul. O azul tingiu-se de castanhos. Agora a sucessão de tremores já não deixa as pedras regressar ao chão, atirando-as cada vez mais alto. Saltam no topo das torres, como capiteis. No chão, volto a ver os corpos de James e Eveline por inteiro. De onde me encontro, parecem suster as torres.
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