Hoje, após mais um dia a subir, chegámos ao ponto. Não é fácil descrever um ponto. A única forma de o fazer é dizendo como nos aproximámos dele, que forma tomou perante os nossos olhos, e depois, o que vimos e como nos sentimos quando lá estivemos.
Estes dois dias a subir foram dirigidos para esse ponto. A subida foi feita pela encosta nordeste. Embora procurássemos atingir o ponto, fomos-nos entretendo a observar a paisagem lá me baixo. Mas isso também contribuiu para construir uma expetativa de como ela seria o outro lado. O que se veria ao atingir o ponto? E como seria poder rodar a cabeça e trocar os olhos entre as duas paisagens? Como é que essas duas imagens se encontrariam no cérebro, nesse ponto?
A subida não foi fácil e estávamos cansados como finalmente vimos o ponto. A reação imediata foi lançarmos-nos para ele, mas o acesso não era fácil e acabámos a acotovelarmos-nos, sem maldade, sem conseguir avançar. E aquele ponto era o único que nos permitiria ver o lado sudoeste, o restante cume era um escarpado fio de navalha. Mesmo o acesso a uma pessoa só não era fácil, Eveline desequilibrou-se e só não caiu pois James a segurou.
E agora que já lá estivemos, o que se vê naquele ponto, depois da canseira da subida? Há efetivamente duas paisagens que ali se encontram, cortadas por um risco de pedras aguçadas. Mas é impossível descrevê-las com precisão, pois apenas lá esteve um de cada vez, e quem pode assegurar que não fomos traídos por um piscar de olhos ao rodar da cabeça ou devido a um desfasamento entre o ponto no cérebro e o ponto sob os pés. Sim, partilhámos depois essas experiências singulares, mas quem pode assegurar que uma vez de volta não efabulávamos já sobre o ponto.
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