Prega o Pregador que é por culpa dos Pregadores, ficando, escolasticamente desculpados Deus e os Homens. Sem dúvida uma construção barroca, a conceção do fruto pela exaustiva repetição da sua afirmação e da sua negação. É isso a Pregação.
Mas não deixa de me vir à memória outros dias, bem mais distantes que este, que aconteceu algures em 1655, dias da lagarta e da borboleta. Apenas necessito de fazer correspondências, construir as alegorias e ainda assim fico-me só pelo Pregador e pela sua Pregação. Também aí nos questionámos entre a lagarta e a borboleta, o ovo e a galinha. Cada um culpando o anterior pela sua existência. Cada um construindo-se à custa do outro, afirmando-se negando-o e abrindo a ala à sua posterior negação. Cada um igual ao anterior para conseguir justificar a pequena diferença. Numa relação infindável de ovos e galinhas, de lagartas e borboletas, colocados numa gigantesca fila de Pregadores e Pregações. Como o fruto e a palavra de Deus.
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