Algumas histórias Zen soam estranhas, por vezes quase irreais. Por exemplo, a história do Mestre Hakuin que cuida do que não é dele e que não se prende ao que ama é um extraordinário exemplo de redenção pessoal, difícil de entender num mundo que apenas funciona se a taxa de crescimento, que resulta na capacidade de possuir mais, for de 2 a 3%.
Isto levanta a questão de saber se a redenção pessoal se poderá tornar numa redenção social.
Curiosamente esse argumento tem sido frequentemente usado, muito especialmente nas situações de crise, em que os recursos escasseiam e se levanta a questão de como gerir a sua distribuição.
Por exemplo, quando falei com os mais velhos foi-me dito que a Senhora do Sr. Dr., tinha sempre uma panela ao lume com sopa para os pobres. Dizia ela que com umas poucas batatas e umas folhas de couve se fazia uma sopa. Afirmação semelhante tinha já sido dita muito antes por uma Rainha, são rosas Senhor, e muitas outras expressões semelhantes pertencerão provavelmente ao imaginário popular.
O argumento que a esquerda tem para esta proposta de redenção social através da redenção pessoal é que de facto ela esconde uma situação de perpetuação da ordem social estabelecida. Desta forma, a desconfiança relativamante à redenção pessoal atingiu o seu extremo nos países totalitários comunistas, em que a prática religiosa foi reprimida.
E assim, como em todas as coisas significativas da vida, chega-se a um paradoxo: provavelmente a esquerda tem razão e a experiência de Mestre Hakuin é fantástica.
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